sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

obrigada (mas aposto que dizias isto a todas)

Enlevo das meninas dos olhos,
tormento dos corações,
luz do espírito,
não beijo a poeira dos vosso pés,
porque vós nunca andais,
ou se andais é por cima de rosas ou tapetes do Irão. (...)
conquanto estejais na primavera da vida,
conquanto todos os prazeres vos procurem,
conquanto sejais bela e além de bela dotada de talento,
conquanto vos louvem de manhã à noite,
e que por todas estas razões,
vos assista o direito de não terdes senso comum,
o certo é que tendes um espírito lúcido e um gosto muito fino
e já vos ouvi discorrer melhor do que velhos derviches de grandes barbas e barrete pontiagudo.
Sois discreta e não sois desconfiada;
sois doce sem serdes fraca;
sois caridosa com discernimento;
estimais os vossos amigos e inimigos é coisa que não tendes.
Vosso espírito nunca aproveita dos benefícios da maledicência ;
não dizeis mal de ninguém; nem fazeis mal a ninguém,
apesar da prodigiosa facilidade com que o poderíeis fazer.
Enfim, a vossa alma sempre me pareceu tão pura como a vossa beleza...

In Zadig ou o Destino de Voltaire

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